domingo, 13 de outubro de 2013

O Salário do Medo

O Salário do Medo (Le Salaire de La Peur, França / Itália, 1953) – Nota 8,5
Direção – Henri Georges Clouzot
Elenco – Yves Montand, Charles Vanel, Folco Lulli, Peter Van Eyck, Vera Clouzot, William Tubbs.

Num vilarejo miserável no interior da Guatemala, um grupo de homens de várias nacionalidades passam os dias à espera de algum trabalho e com a esperança de juntar dinheiro para voltarem aos seus países. Estes sujeitos foram levados para o local para trabalhar na construção de uma torre de petróleo, porém a empresa americana responsável pelo empreendimento abandonou o a obra pela metade.

Quando uma outra torre de petróleo desta empresa explode e as chamas parecem incontroláveis, o responsável pela companhia na região (William Tubbs), vê como única chance de diminuir a tragédia utilizar nitroglicerina para fechar o poço em chamas. O problema é que a nitroglicerina precisa ser transportada através de uma péssima estrada em caminhões sem proteção alguma, podendo explodir a qualquer momento.

Sem escrúpulos, o sujeito oferece dois mil dólares para os estrangeiros desempregados que aceitarem carregar os explosivos. Desesperados para sair do país, o arriscado trabalho parece ser a única salvação, o que faz com que vários homens se candidatem, porém apenas quatro são escolhidos para seguirem em dois caminhões. Os franceses Mario (Yves Montand) e Jo (Charles Vanel) formam uma dupla e o italiano Luigi (Folco Lulli) com o alemão Bimba (Peter Van Eyck) formam a segunda equipe.

O roteiro adaptado pelo próprio diretor Clouzot critica a exploração das empresas americanas em países do terceiro mundo, tema que continua atual, além de mostrar como a ganância faz aflorar o pior lado do ser humano. O desenvolvimento dos personagens é fundamental na trama, principalmente da dupla de franceses, que muda completamente o relacionamento durante a terrível travessia. Algumas cenas são de forte suspense, como a manobra do caminhão sobre as madeiras na beira do precipício.

O filme perde um pouco apenas na longa duração, por causa de algumas passagens desnecessárias na primeira parte e na atuação exagerada de Vera Clouzot, atriz brasileira que era casada com o diretor e que interpreta uma jovem apaixonada pelo personagem de Yves Montand.

Como informação, o longa é falado em pelo menos quatro línguas: francês, espanhol, italiano e alemão e venceu a Palma de Ouro em Cannes e o Urso de Prata em Berlim.

Finalizando, a trama foi refilmada por William Friedkin em 1977 com o título de “Comboio do Medo” (leia crítica aqui), tendo Roy Scheider como protagonista, mas foi um tremendo fracasso de público e crítica, mesmo sem ser um filme ruim.

2 comentários:

renatocinema disse...

A exploração no trabalho sempre podem e devem gerar bons filmes.
Pena que a sociedade em que vivemos não aprende com isso.
abs

Hugo disse...

Renato - Acredito que a sociedade nunca aprenderá.

Abraço