quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A Tênue Linha da Morte

A Tênue Linha da Morte (The Thin Blue Line, EUA, 1988) – Nota 8
Direção – Errol Morris
Documentário

O ex-policial Errol Morris venceu o Oscar de Melhor Documentário com este trabalho que criou um novo estilo ao misturar depoimentos verdadeiros com a encenação dos acontecimentos. Hoje este tipo narrativa é algo comum, principalmente em programas de tv sobre ocorrências policiais, inclusive utilizado a exaustão no antigo “Linha Direta”. 

O objetivo de Morris aqui foi se aprofundar num famoso caso de assassinato que resultou num julgamento controverso, onde questões políticas e sociais influenciaram no veredito. Tudo começou no final de 1976 na cidade de Dallas no Texas, quando um policial abordou um carro que estava com as luzes apagadas e ao chegar próximo da porta do motorista foi assassinado com vários tiros. 

Sua jovem parceira diz ter atirado várias vezes, porém o motorista do veículo conseguiu fugir. A policial que era novata, não conseguiu ver quantos ocupantes haviam no carro, anotou apenas duas letras da placa do carro e se confundiu até mesmo com o modelo do veículo. 

Após um mês, a polícia não tinha pista alguma, até que um jovem de dezesseis anos chamado Davis Harris foi detido num pequena cidade do interior do Texas por cometer outro crime e acabou acusado por amigos de estar se gabando de ter assassinado o policial. Com medo das conseqüências, Harris acusa Randall Adams de estar dirigindo o veículo e de ter atirado no policial. 

Adams era um sujeito de vinte e oito antes sem antecedente algum de violência, que tinha um emprego simples e que havia acolhido Harris por dois dias no motel onde morava com o irmão. Mesmo sem provas concretas, Adams foi o único acusado pelo crime e condenado à morte. 

Errol Morris se aprofundou na investigação do processo e entrevistou diversas pessoas, como Randall Adams que alega inocência aparentemente com razão, seus advogados, os policiais envolvidos nas investigações, algumas testemunhas nada confiáveis e até o juiz do caso. Estes depoimentos deixam claro como o processo foi manipulado e por alguma razão oculta, o promotor que não quis falar com Morris, escolheu Adams como culpado e deixou de lado outras evidências contra David Harris. 

O jovem delinquente na época já tinha uma extensa lista de delitos e em 1988 quando o doc foi filmado, ele estava no corredor da morte por outro assassinato. Seu depoimento aqui é cínico, ele sorri quando comenta os crimes que cometeu e mesmo não sendo direto nas palavras, deixa na entrelinhas que Randall Adams foi um azarado por ter cruzado seu caminho.

 O doc é um grande exemplo de como a lei pode ser manipulada resultando numa terrível injustiça.   

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