sábado, 21 de fevereiro de 2015

Jesus de Montreal

Jesus de Montreal (Jésus de Montréal, Canadá / França, 1989) – Nota 7
Direção – Denys Arcand
Elenco – Lothaire Bluteau, Catherine Wilkening, Johanne Marie Tremblay, Remy Girard, Robert Lepage, Gilles Peletier.

Daniel (Lothaire Bluteau) é um talentoso e desconhecido ator que é contratado por um padre (Gilles Peletier) para atualizar uma peça sobre a vida e o calvário de Jesus Cristo. A peça, que é encenada há mais de quarenta anos nos jardins de uma enorme igreja em Montreal, tem o texto alterado por Daniel, que convida dois atores e duas atrizes para completarem o elenco. O grupo cria um forte laço de amizade resultando em uma belíssima peça. Para surpresa dos atores, o padre e seus superiores não gostam da modernização da peça e tentam proibir as apresentações. 

O roteiro do diretor canadense Denys Arcand (“O Declínio do Império Americano” e “As Invasões Bárbaras”) faz um paralelo entre os dogmas que a Igreja Católica tenta passar para seus seguidores e a falta de moral e ética do mundo atual, situação esta exemplificada na sequência da seleção de atores para o comercial. 

A peça escrita pelo personagem de Daniel humaniza Jesus Cristo, o que faz com que o padre a veja como um perigo para a Igreja. O padre é um modelo de hipocrisia, ele tem uma amante e confessa que não abandona o sacerdócio para não perder as regalias que tem direito dentro da Igreja. Em outro diálogo, o padre diz a Daniel que as pessoas não querem a verdade, mas sim ouvir que Jesus e Deus amam a todos, mesmo que ele próprio não acredite nisto. A parte final é quase surreal, se mostrando como uma parábola da ressurreição de Cristo. 

Não é um filme para todos os públicos, parte das sequências são as encenações da peça, além disso, o estilo de Denys Arcand é recheado de diálogos, tem um ritmo lento e uma curiosa trilha sonora instrumental.

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